sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

As faces de Guta Stresser

Foto: Guilherme Andriani/Folha do Estado


Ela tem 39 anos de idade, 26 deles dedicados ao teatro. Cinema e TV apareceram em sua vida quase simultaneamente, em 2001, ano em que estreia com A Grande Família, no papel da espevitada Bebel. A partir de então, Guta Stresser vem conquistando milhões de brasileiros ao longo dos dez anos de temporada do seriado da TV brasileira de maior sucesso. Maria Isabel da Silva Carrara é querida por adolescentes, adultos, idosos e, especialmente, crianças.
Em entrevista exclusiva a Paulo Rabelo, do Folha Estado, no início da tarde da última quarta-feira (01), Guta Stresser também falou sobre o início de sua carreira aos 13 anos, em Curitiba, sua terra Natal, sua relação com a fama e sua paixão pelo teatro e pela literatura.


Nascida em Curitiba em 1972, aos 13 anos você começou a fazer teatro e não parou. Quer dizer, em 2001, quando você conquista milhões de brasileiros com Bebel, de A Grande Família (TV Globo), a fama não lhe pega de forma súbita, nem nunca lhe causou dissabores, suponho.

Não.Como eu comecei a fazer teatro muito cedo, eu sempre fui muito focada no meu trabalho artístico, eu nunca tive, mesmo depois que fiquei famosa, uma relação com a mídia de celebridade, eu sempre tive uma relação de atriz.
A imprensa já me conhecia de teatro, a imprensa especializada lá no Rio e em Curitiba também, que é a minha terra natal e é onde eu estreei como atriz e fiz diversos espetáculos (alguns de grande sucessos de público e crítica), em Curitiba, antes de me mudar pro Rio.

E você se mudou pro Rio em que ano?
Com 22 anos, em 95. Quando eu me mudei pro Rio eu tinha 10 anos de teatro e trabalhado com diversos grupos, antes grupos amadores e depois me profissionalizei e passei a trabalhar com diretores curitibanos superrespeitados. Então, isto fez com que, na verdade, quando eu estreei com A Grande Família, eu já tinha uma relação com a minha profissão muito estabelecida. Sabe, eu não sou perseguida por paparazzi, a minha vida pessoal não é notícia, porque, realmente, essa não é a minha.
Tive indicações a prêmios, fiz espetáculos importantes, também fiz trabalhos bacanas no cinema, foram trabalhos que foram respeitados logo pela imprensa especializada. Também houve boas críticas de peças que fiz em Curitiba, antes de ir pro Rio.
Em Curitiba mesmo eu estreei uma peça, O Vampiro e a Polaquinha, baseado no texto homônimo de Dalton Trevisan e dirigida por Ademar Guerra, que ficou três anos em cartaz e foi uma coisa incrível, tanto em termos de sucesso como aprendizado.

Em 2001, quando você estreou como a Bebel, você também seu primeiro filme, A Partilha...
É verdade, aconteceu tudo junto. Depois fiz Nina, O Redentor, Beline e a Esfinge e outros tantos, e não necessariamente na mesma ordem  (risos). Agora fiz Tudo que Deus criou, que é um filme paraibano, do diretor André Costa Pinto, que vai estrear este ano. Inclusive estou indo para a Paraíba no final de fevereiro para o lançamento do filme, que depois será lançado no Brasil inteiro.

Conte-nos um pouco de Tudo que Deus Criou.
Nesse filme eu faço a Ângela, uma soropositiva contaminada pelo marido. É um trabalho a que atribuo bastante importância, porque é uma história real, acontecida lá em Campina Grande-PB. Essa mulher matou o marido jogando água fervente no ouvido dele. O marido estuprava o irmão, que é travesti, mas a família não sabia... É um filme muito comovente. Enfim, Ângela é uma personagem bastante diferente da Bebel, assim como a Nina...

Parece que Nina é seu grande trabalho no cinema. Como foi que Nina chegou até você?
Nina foi o primeiro longa de Heitor Dhalia (que também dirigiu À Deriva e O Cheiro do Ralo) e ele fez o filme inspirado em mim. Não é problema falar, pois ele já falou pelos quatro cantos do mundo que eu fui a musa dele, até para essa mudança dele da publicidade para o cinema. Ele trabalhava numa grande agência internacional em São Paulo, a Young & Rubicam, e depois do Nina ele despontou como diretor, ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais e não parou mais, inclusive está dirigindo um filme em Hollywood.

E como foi fazer Nina?
Nina é baseado em Crime e Castigo, de Dostoievski. A Nina é um Raskolnikov (personagem principal do romance de Dostoievski) de saias. O filme se passa em São Paulo, e contraceno com a grande atriz Myriam Muniz (que em Nina faz a mesquinha senhoria dona Eulália), que faleceu no começo de 2005.

Nina, como Raskólnikov, é um personagem muito atormentado. Deu trabalho para se livrar dos “demônios” da personagem?
Deu um pouco de trabalho sim. Foi uma imersão muito grande, foram três meses entre a filmagem e a preparação e, enfim, a Nina é de um universo bem obscuro, underground e ela também tem uma esquizofrenia bem forte e os desenhos dela no filme retratam seu universo interno, que é bastante conturbado. No filme, Nina tem caderno de desenhos, em que, sob a forma de macabras ilustrações, descarrega seu ódio sobre a dona Eulália, algoz e alvo de toda a loucura de Nina.
Deu trabalho pra me livrar, mas, ao mesmo tempo, eu acho que o trabalho do ator é muito daquele poema de Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor.Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. A gente mergulha nesses universos. Como agora, em Sade em Sodoma, que é um texto bem pesado, onde faço a Madame Duclos, uma cafetina, assassina, sequestradora... Na verdade, você brinca com aquilo.

Adaptar um texto de Sade, que é do século XVIII, para o século XXI... Você acha que estamos mais pertos ou mais distantes do universo sádico?
Continua tudo igual: Os libertinos estão aí, está aí o abuso de poder de alguns políticos e alguns poderosos e o dinheiro é um grande corruptor. No texto, tem uma frase que falo: “O dinheiro incentiva a corrupção”. E é complicado, porque os poderosos acham que podem dispor da vida dos não poderosos como bem lhes aprouverem. E não é assim, não é? O que acontece entre quatro paredes nesses castelos nababescos construídos com dinheiro público é o que a gente retrata na peça.
Na narrativa da peça tem padres pedófilos. E, recentemente, passamos com a peça por Arapiraca-AL, onde um padre foi filmado fazendo sexo com um coroinha menor de idade, na época, e caiu na web. Ou seja, a gente não está falando de nada que não exista nos dias de hoje. Só que, é claro, a gente está falando da França, do Castelo de Silent, mas poderia ser ambientado em qualquer lugar e época.

Só mais uma coisa, Guta, vejo que sua biografia artística é pautada pela grande literatura. O que está lendo ultimamente, e como é a sua relação com a literatura?
Estou terminando o segundo volume de Os Irmão Karamazov, de Dostoievski. Adoro Dostoiéviski, os clássicos. Claro que a gente não vai conseguir nunca ler tudo que quer, mesmo que dedicasse toda a vida para isso, mas eu procuro ler os livros que influenciaram a literatura universal, eu tento ler todos os grandes livros que influenciaram, todos os grandes autores que influenciaram a história da literatura. Enfim, a minha relação com a literatura é maravilhosa, tanto que gosto de escrever também.

Já tem algo publicado?
Publiquei um livro infantil Meu pequeno coxa branca, ilustrado pelo artista curitibano Teo Carneiro, pela editora Belas Letras e faz parte da coleção Meu pequeno torcedor. Então, meu livro é meu pequeno coxa branca, por que sou coxa branca (como é conhecido o torcedor do Coritiba).

* Entrevista publicada no jornal Folha do Estado da Bahia, na edição de 05 de fevereiro de 2012.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Consciências

Consciência negra em Feira de Santana, 2011


Consciência s.f. 1 Sentimento ou reconhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior (HOUAISS)



Jorge de Angélica, músico
Foto: Dolores Rodriguez
Rapaz, ser negro, hoje, na maioria das vezes, é ser usado por algumas entidades que se dizem protetora da cultura e dos direitos dos negros, e por outros que usam os negros nos dias de micareta e depois os jogam ao léu. O nego dá o sangue pela sua escola de samba, ou seja lá o que for, e no máximo chupa uma cachaça, mas se cair doente no resto do ano essas entidades não oferecem qualquer tipo de proteção. O que eu vejo mesmo é que o negro ainda está sendo usado como massa de manobra.







                     
Nunes Natureza, compositor do Afoxé Pomba de Malê e autônomo
Foto: Patrícia Martins


Ser negro em Feira de Santana é ser vítima de tanta coisa. Os preconceitos econômico e social ainda imperam e se misturam, pelo fato de ser negro ainda é ser pobre, para a grande maioria. Este é um dia para se ativar contra essas agruras que o negro sofre, mas a consciência tem que ser permanente e as entidades têm que trabalhar reforçando o sentimento de cidadania, para que haja igualdade e igualdade de oportunidades.



Ericivaldo Veiga, sociólogo

Foto:Patrícia Martins


A própria sociedade, com essa dinâmica pela qual ela vem passando, o que se chama de mundo globalizado, permite o aparecimento de concepções novas, de ideias novas e de formas novas das pessoas se verem e se comportarem diante do mundo. Então, é meio complexo ter uma alternativa única de uma pessoa se ver enquanto um ator social com uma identidade definida: negro, ou índio, enfim, a gente vê tanto exemplo das diversidades sexuais, o mundo se abrindo para tantos comportamentos, para tantas posições que antes não eram bem toleradas.
É muito complexo dizer hoje em dia que ser negro corresponda a apenas uma concepção de mundo. Ser negro, hoje em dia, como ser branco, como ser índio, como ser homossexual, como ser de determinada religião ou ser de outra, diz respeito a um indivíduo que tem expectativas diversas, que não estão resumidas apenas à cor da sua pele, nem ao seguimento religioso a que ele está associado. Ser negro, como fazer parte de qualquer um desses grupos, corresponde a ter uma compreensão crítica da vida e de como ela funciona.




Frei Cal, vereador 
(Por e-mail)
Foto: Gleidson Santos


Ser negro é viver a vida que ao longo dos anos foi negada, tirada e explorada; é ter liberdade, terra, moradia, educação, saúde, segurança e poder ir e vir tendo os seus direitos respeitados.
É ter orgulho da cor, da raça, da história, cultura e religião, é nunca esquecer da Mãe África  e lembrar sempre dos irmãos que um dia vieram do além mar, é continuar contando e recontando o que fizeram conosco, mas também é falar das vitórias  e conquistas que são alcançadas. É ter esperança e nunca desanimar, pois sabemos que a luta na verdade ainda não acabou.

Simone de Angélica, equéde da casa de Mãe Sônia, na Rua Nova
Foto: Edeilson de Souza


Pra mim, ser negro significa tudo, pois é toda a minha experiência de vida que está incluída nestas duas palavras.



Rafael de Jesus Santana, funcionário do Cuca/Uefs
Ser negro é bom. Eu gosto de ser negro, apesar de ter as sua dificuldades. Por exemplo, a maioria dos negros fica atrás dos brancos quando a questão é educação. Mas a galera negra está superando, aos poucos. Estão correndo atrás da igualdade, através dos estudos, do conhecimento, e assim se vai levando as conquistas mais adiante.


Gleidson Sena Dias, estudante de Geografia na Uefs

Ser negro na sociedade em que vivemos, ainda é complicado, porque há discriminação ao ser negro. Além de não ter o espaço que pessoas de pele clara têm – embora aqui no Brasil se diga que não há raça específica, que somos todos iguais, etc.–, para o negro conseguir alcançar um patamar mais elevado na sociedade ainda tem que se esforçar bastante. Então, fica mais complicado, mais difícil, porque o negro tem que se desempenhar muito mais, tanto nos estudos quanto no mercado de trabalho. Ele acaba tendo que ter que fazer seu diferencial, não pode ser apenas mais um, tem que ser o número um.




Hailton Getúlio, artista visual e oficineiro da OCA/Cuca
Foto: Patrícia Martins

Eu penso no conjunto, sobre as pessoas de todas as cores: negro, branco ou amarelo. As pessoas devem pensar em procurar seu espaço na sociedade. Eu não acredito que a sociedade esteja muito preocupada com o fato de você ser negro ou não, ela pergunta mais quem você é e o que faz. Que existe racismo, existe, mas todo e qualquer homem, ou mulher, deve procurar a sua cidadania, estudar, se qualificar e ter uma profissão para conviver em sociedade. Hoje existem políticas afirmativas em todos os seguimentos, o que facilita muito, já que nós temos uma cota muito vasta de direitos. O que precisamos aprender é acioná-los, mas isso só acontece com o exercício constante da cidadania.


  
Maria das Graças, 54, aluna da oficina de cerâmica da OCA/Uefs
Foto: Gleidson Santos

As pessoas conseguem alguma coisa lutando. Se a gente ficar nessa de ‘discriminação racial’, não sei quê, e de braços cruzados, não vai a lugar algum. Trabalho desde criança e sei do valor das coisas. Adolescente, em Salvador, eu carregava água pra ganhar dinheiro. Chorei muito, porque não pude estudar, pois não tinha o dinheiro para pagar a taxa de admissão para seguir os estudos, nem pra comprar farda, pois o dinheiro que ganhava tinha que botar em casa. A gente tem que correr atrás.


Jamile, 21, aluna de oficina de desenho da OCA/Cuca
Foto: Gleidson Santos


Esses dias saíram, em todos os órgãos de imprensa, dados do IBGE dizendo que Salvador é a cidade mais negra do País. Pelo fato de Salvador ser a cidade mais negra, não deveria ter tanto preconceito como tem. Se você for negro e for procurar um emprego num shopping, lá, não é bem visto, como um candidato que não tem pele negra. Este, provavelmente, ficará com a vaga.



Gleidson Santos, repórter policial e fotógrafo do Folha do Estado
Com alguns anos de experiência em jornalismo policial, nem preciso de dados do IBGE para constatar que 80% da população carcerária aqui em Feira, como em quaisquer outras cidades brasileiras, são compostos por negros. Isso não quer dizer, necessariamente, que negros cometam mais crimes que brancos - pode até cometerem, por terem menos chances e perspectivas de consumir, inegável herança do passado escravocrata. Mas eu acredito que a superlotação negra nas cadeias se dá também porque a visão da Justiça, e até da polícia mesmo, ainda é outra sobre o negro, que ainda parece ser mais vulnerável à punição.
Por outro lado, ser negro sempre foi bom, mas agora está melhor ainda. As políticas afirmativas em prol do povo afrodescendente e do pobre, de um modo geral, não são tudo, mas já é um bom começo. 

Publicado na edição nº 3.654, de 20 de novembro de 2011, do Folha do Estado da Bahia













domingo, 20 de novembro de 2011

Em barro, tintas ou fotos, sempre com fé na arte

               Fotos: Patrícia Martins
Em fotografia feita no dia 17 de agosto de 2011, Hailton trabalha numa peça de encomenda

São mais de 14 anos de experimentações em diversas linguagens em artes plásticas, e igual ou maior número de participações em oficinas de pintura, cerâmica, máscaras, azulejo, mosaico e fotografia, entre Feira de Santana e o Museu de Arte Moderna (MAM), em Salvador. Hailton, que não está apenas flertando com a cultura afro-brasileira, em especial sua religiosidade, diz não ter preferência por algum suporte em especial, embora saiba que a tendência das artes contemporâneas esteja mais ligada à fotografia, e esta seja também mais uma de suas atividades.

Logunedé é demais, sabido, puxou aos pais
Se a alma do homem é naturalmente religiosa, como sentenciou Orígenes, entre os séculos II e III de nossa era, é natural que das mãos de Hailton Getúlio saiam obras que, não sendo propriamente sacras, são sacramentadas pelo precioso sentimento de “pertencimento” – caro e necessário para o povo de origem africana, espalhado pelo mundo ocidental pela escravidão.
“Esta coisa está tão no sangue, que eu não sei dizer se comecei a fazer arte por causa da religião”, ou se foi o contrário, diz o filho de Logunedé (ori) e Baluaê (juntó). Seu bisavô era babalorixá em Salvador, seu avô era ogã e o pai também fazia parte da família de santo.Hailton tem 23 anos de iniciado e mais de 10 como axogun (sacerdote responsável pelo sacrifício de animais em rituais).


Não chuta, que é macumba!
“Tudo o que faço em arte está muito ligado à religião. A minha visão e minha luta são esta. E este é o meu modo de colaborar com a manutenção dos signos do candomblé. Acredito mesmo que é um modo de fazerem respeitá-la”, declara. “A intolerância de um modo geral, em particular a religiosa, tem trazido sérios problemas para o povo de santo, que ainda tem pouca representatividade e visibilidade na sociedade. Precisamos, urgentemente, de uma cultura de tolerância e de convivência com as mais diversas denominações religiosas. ‘Chutar porque é macumba’, como dizia uma música de axé, é alimentar o ódio entre as pessoas. O correto seria não chutar justamente porque é macumba. Este é o caminho para a cultura de paz de que tanto precisamos”, completa.

Dijunas
Em abril de 2010 Hailton levou para o Museu de Arte Contemporânea (MAC) a sua quarta exposição individual (tendo também participado de 10 exposições coletivas), composta por 18 telas, intitulada “Dijunas”. O projeto veio logo depois que o artista plástico, que trabalhou por mais de onze anos na Biblioteca Central Julieta Carteado (BCJC) como auxiliar de bibliotecário, pôde dedicar-se exclusivamente às artes.
   
Encomendas
“Quando eu trabalhava na BCJC, além dos cursos e oficinas dos quais participei, não tinha tempo pra nada. Era difícil conciliar meu trabalho com a arte”, conta. Ele também diz que, mesmo afastado de funções burocráticas e trabalhando com o que sempre desejou, não tem tempo pra dar conta das encomendas, que vão estátuas em argila, telas e mosaicos. “Se eu fechar minha agenda hoje e disser ‘não pegarei mais encomenda enquanto não der conta das que já tenho’, levaria ainda uns cinco anos para entregar tudo o que tenho que entregar”, revela o artista. Cansaço? “Nunca. Afinal faço o que sempre quis fazer”, finaliza.

Publicado na edição nº 3.649 do Folha do Estado da Bahia, 13 de novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

Maior acervo de negativos de Feira

Foto: Patrícia Martins
Elydio possui mais de dois milhões de negativos, acumulados em sete décadas de carreira, todos reveláveis
Quando o senhor Elydio Azevedo, nascido em Amélia Rodrigues, veio para Feira de Santana, na década de 1940, a cidade tinha apenas 10 automóveis, a avenida Senhor dos Passos, a Rua Direita e a Rua de Aurora (atual Filinto Bastos). “Havia a Getúlio Vargas, só que muito menor do que vemos hoje”, relembra.

Este fotógrafo que tem como lema “amar o que faz, para fazer bem”, sem sombra de dúvida, possui um dos mais ricos acervos de imagens da memória feirense da segunda metade do século passado para cá. Ele é dono de mais de dois milhões de negativos, todos separados cuidadosamente por pedaços de papel vegetal e guardados em pequenos envelopes de cartas acondicionados em dezenas de caixas de isopor, aos milhares e em caixas do mesmo material em diversos tamanhos. Em cada uma delas há um papel onde estão registrados assuntos, datas, pessoas e eventos a que dizem respeito os negativos. Todos catalogados pelo próprio autor. “Nunca me desfiz de um negativo sequer, nem das câmeras fotográficas que fui adquirindo ao longo da vida, e todas elas estão em condição de uso”, assegura.

O patrimônio de imagens que construiu em uma longa carreira chama a atenção pela importância histórica e pela qualidade do material. “Todos os meus negativos, desde os mais antigos, mantêm a mesma qualidade de revelação de quando foram feitos”.

Elydio diz que já foi procurado pela Universidade Estadual de Feira de Santana, que se mostrou interessada em salvaguardar seus negativos, importantes testemunhos da história feirense. “Até me ofereceram cinco pessoas para fazer a limpeza e a catalogação ao modo deles. Mas esse material é dos meus netos. É a herança que posso deixar para eles”, diz.

Com uma filha e um neto apaixonados por fotografia, seu Elydio acredita que a proposta da Universidade não é a única alternativa para a manutenção de sua obra. Seja qual for o destino dos negativos, ensejamos que aconteça de modo que eles possam ser acessados por pesquisadores e estudantes. Afinal, trata-se de uma objetiva que em quase sete décadas registrou e meticulosamente preservou milhões de instantâneos de uma cidade que se transforma tão velozmente.

Publicado na página 07 da edição 3.643 do Folha do Estado, domingo 06 de novembro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

"A forma de uma cidade muda mais depressa, ai de nós, que o coração de um mortal" (C. Baudelaire)

    Foto: Edson Machado
 Em questão de antiguidade e de estilo arquitetônico a gente não tem muito que mostrar, esta é que é a verdade, diz Franklin Maxado


Surgida nas primeiras décadas do século 18, Sant'Anna dos Olhos d'Água da Feira se desenvolveu em torno de uma capela em homenagem a Senhora Sant'Ana e São Domingos, erigida pelo casal de portugueses Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandão, em 1732.
O local onde foi erguida a capela era um ponto de intersecção entre Cachoeira (maior vila da província da Bahia) e São José das Itapororocas (hoje distrito de Maria Quitéria), que à época era a entrada para o sertão e para onde convergiam parte das mercadorias desembarcadas no porto de Cachoeira, que por sua vez recebia as boiadas vindas do sertão.
Com a demanda de mercadorias do sertão para o litoral, e vice-versa, os comerciantes de gado, açougueiros, compradores de boiadas e mercadores de diversos outros produtos saíam de Cachoeira para receber e ‘olhar’ as boiadas antes que elas chegassem àquela vila, a fim de comprar mais barato e escolherem os melhores bois. “Por outro lado, os fazendeiros do sertão não precisavam ir até Cachoeira para venderem suas boiadas e comprarem produtos que eram comercializados naquela vila do Recôncavo, como ferramentas agrícolas, pratos, talheres, candeeiros e uma infinidade de produtos que desembarcavam em seu porto”, explica Franklin Maxado.
O comércio criado em torno da capela de Sant’Anna, a Antiga Feira do Gado toma vulto entre o final do século 18 e início do século 19, o que fez com que muitos comerciantes e fazendeiros começassem a estabelecer moradias no Arraial de Sant’Anna.
As construções que foram erguidas naquela época (das quais resta quase nada), não eram tão marcantes como as de estilo barroco que já haviam sido levantadas há algum tempo em Cachoeira. “As primeiras construções de Feira de Santana eram ‘arremedos’ de diversos estilos, sem grandes pretensões arquitetônicas”, diz o cordelista, citando de memória os naturalistas alemães Von Spix e Von Martius, que visitaram a vila de Sant’Anna em 1819: “Na época, eles escreveram que o lugar não passava de um simples vilarejo, um arruadozinho de casas”. O que isso quer dizer? “Em questão de antiguidade e de estilo arquitetônico a gente não tem muito que mostrar, esta é que é a verdade”, diz Franklin.
São poucos os marcos arquitetônicos de alguns períodos de Feira de Santana, que é apenas mais uma entre tantas outras cidades brasileiras que se consomem - com ou "sem" aspas - enquanto progridem.

 Foto: Filipe Oliveira

A segunda construção representativa da arquitetura feirense que sobrevive é o sobrado de João Pedreira, construído em frente à praça que leva o mesmo nome, em frente à igreja Senhor dos Passos. Resumo de uma longa história: João pedreira, um dos homens mais ricos de Feira na virada do século 19 para o século 20, construiu a praça que leva seu nome e muitas casas de aluguel próximas ao casarão, o único sobrevivente da época, ainda em bom estado de conservação e que mantém a fachada da época, embora com algumas intervenções modernas, e atualmente é mais conhecido como o ponto do Bobs, entre a Senhor dos Passos e a Getúlio Vargas.
O valor histórico da construção está no fato de ela ter acolhido a primeira Intendência de Feira (órgão de administração pública equivalente, hoje, à prefeitura); ter sido a primeira Câmara de vereadores, quando foi instaurada a Vila de Feira de Santana, já desmembrada de Cachoeira. O prédio também serviu de cadeia, agência dos Correios, biblioteca pública, sede da Filarmônica Euterpe, sede de uma sociedade de artistas (Sociedade de Cultura Artística de Feira de Santana) e, também acolheu o escritório de advocacia de José Falcão e Chico Pinto, importantes vultos políticos da história da cidade.

Uma honorável ruína
 
    Vista do interior do Palácio do Menor

A Santa Casa de Misericórdia (mais conhecida atualmente como o Palácio do Menor). Sua construção teve colaboração do imperador Dom Pedro II, que doou dois contos de réis na ocasião de sua passagem por aqui, em 1859, e foi inaugurada em 25/03/1865.
Sob tutela do SESC, o prédio nada mais tem, em seu interior, que uns restos de madeira de lei cobertos há anos por uma hera que se revigora a cada temporada de chuvas e paredes laterais sustentadas por vigorosas colunas. Tudo isso  talvez aliado a um bom óleo de baleia. Há um muro belíssimo, com colunas e gradil de metal.. Mas, até quando essas coisas ainda serão recuparáveis de fato? Que soluções encontrará o órgão responsável pela intervenção?
Desde 2008 fala-se, na imprensa, na sua restauração - termo que se torna cada vez mais contestável, neste contexto, com o passar do tempo. Restaurante popular e teatro estão entre as futuras atribuições do espaço, que é mais que apenas o prédio em si. Quem o conhece sabe que dali se tem uma bela vista.

        Uma cidade que se devora


             Foto: Patrícia Martins
  Sem bairrismo, diz o arquiteto Juraci Dórea, as pessoas não se preocupam mais em preservar a memória, não pensam mais em preservar a arquitetura, nem pensam em preservar a cidade

Feira de Santana passa por um processo que acompanha todas as cidades brasileiras, de um modo geral. Ela não é um caso isolado. O ritmo de perda de identidade em Feira é muito mais tolerável. Isto talvez seja pelo fato de ela ser uma cidade cosmopolita, ou seja, por estar situada num entroncamento rodoviário ela atrai pessoas de vários pontos. Esta é uma característica que fez parte da própria formação da cidade, que cresceu em função disso.
Para o arquiteto e artista plástico Juraci Dórea, os feirenses não têm mais uma referência em relação à cidade. “Uma característica típica das cidades do interior, o ‘bairrismo’, já não existe mais em Feira. Então, as pessoas não se preocupam mais em preservar a memória, não pensam mais em preservar a arquitetura, nem pensam em preservar a cidade. Essa mudança na arquitetura e na paisagem da cidade pode ser percebido num ritmo intenso, principalmente a partir dos anos 1970, através de uma série de elementos que contribuíram com a descaracterização do patrimônio arquitetônico”.
A primeira dessas transformações, e a mais grave, segundo Juraci, foi a mudança da feira livre, que era a principal referência identitária de Feira de Santana. Segundo ele, com a sua transferência, a cidade perdeu o elemento essencial da sua formação e de sua história.
A feira livre ocupava cerca de 8 quilômetros quadrados, nos quais trabalhavam cerca de seis mil feirantes das cidade e de diversos municípios da região. Esse aglomerado de gente, barracas e o trânsito que começava a sua intensificação naquela década, provocava reações variadas. Uns contra e outros a favor da transferência da feira para um lugar específico. Venceu o segundo grupo, na carona da industrialização que começava em Feira de Santana, com a implantação do Centro Industrial Subaé, o crescimento populacional que se direcionava para o centro urbano da cidade ao longo da década de 70. A mudança da feira livre para o Centro de Abastecimento ocorreu mesmo em 1977, embora o projeto tenha sido elaborado em 1966 e as obras tenham começado apenas um ano antes de sua inauguração.
Juraci também evoca como perda identitária alguns elementos que também foram extintos, ou estão em vias de, que valem registro. Uma: "A antiga feira do gado, ao redor da qual nasceu e cresceu Feira de Santana, é uma das principais referências histórica e turística da cidade. O local também serviu de cenário para algumas das mais tocantes cenas de um dos mais importantes filmes já produzidos no Brasil, entre eles Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha".

sábado, 29 de outubro de 2011

A Caminha do Folclore teve início na gestão da professora Yvone Cerqueira, à época na direção do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), através da proposta de Tânia Augusta, “a verdadeira idealizadora do evento” de acordo com Celismara Gomes, diretora do Cuca. Ela começou pesquisando as manifestações folclóricas da região, até chegar à ideia de trazer os grupos representantes de cada tipo de manifestação para um espaço em Feira de Santana, em forma de desfile, como acontece até hoje, em sua 12ª edição.
Celismara explica que inicialmente havia uma proposta de participação das escolas de Feira de Santana, porém, a comissão organizadora teve que repensar quais grupos poderiam, de fato, participar da Caminhada. “A gente resolveu priorizar os grupos de raiz, os que trazem os traços culturais da nossa região, como a Quixabeira da Matinha, os grupos de samba de roda, grupos de capoeira regional, capoeira de Angola, vaqueiros encourados, quadrilha junina, as burrinhas, maculelê e o pessoal da bata de feijão, entre outros”, explica.
Quanto à participação, tanto de integrantes de grupos e de expectadores, o aumento a cada ano é considerável, a ponto de a Caminhada ser colocada no roteiro dos eventos oficiais da cidade. “Com a ajuda da PM e do Exército, a 11ª Caminhada conseguimos estimar a marca de 15 a 20 mil pessoas assistindo e 5 mil participantes. Este ano a Caminhada contará com mais de 100 grupos, oriundos de diversas localidades, da cidade, dos distritos e outros municípios”, informa Celismara.
A diretora do Cuca aponta que o prazer pela participação é a principal característica das pessoas que compõem os grupos. “Eles vêm pela vontade de participar e mostrar seus trabalhos, pois não há qualquer tipo de remuneração. Apenas oferecemos transporte dos grupos dos distritos e passagens para os da cidade, um café da manhã no Amélio Amorim para cinco mil pessoas e água durante o percurso”, afirma.

FOLCLORE OU CULTURA POPULAR?
Há quem já estranhe o primeiro termo, por achá-lo ‘defasado’ ou dotado de uma carga simbólica que não dá mais conta das atuais demandas apresentadas por manifestações emanadas do povo em tempo de globalização.
“A cultura popular é um conceito muito abrangente, é visceral, de raiz – a que veio primeiro. É muito difícil conceituar o que é cultura popular, mas o termo folclore é algo que não se usa mais”, explica o produtor cultural Hygor Almeida. Segundo ele, quando se fala em folclore ou folclorização, acaba-se minimizando o conceito de cultura e transformando “uma expressão popular que é fantástica, que faz parte da identidade de um povo, numa coisa ‘excepcional’, num pacote turístico pronto para ser vendido”.
“A cultura popular não é folclore”, frisa o produtor, para depois explicar: “Digamos que o folclore faz parte da cultura popular, mas é um conceito restrito e reduzido”. Exemplo? “Quando se fala de Saci Pererê, Mula sem Cabeça e Caipora, isto é folclore. Quando a gente fala de expressões como samba de roda, quadrilhas juninas e reisados, trata-se de cultura popular. O folclore faz parte da cultura, mas ele é um conceito muito menor, muito reduzido”, diz.
Divergências nomenclaturais à parte, a Caminhada do Folclore deste ano deve contar com os mais diversos modos de expressão da cultura popular da região que se tornaram normas com o passar de muitos anos, sendo repassados de geração a geração através da oralidade e da prática.
Do início deste século para cá Feira de Santana, através da Uefs e outros órgãos parceiros, vem reagindo contra a apatia e a amnésia culturais, com retomada (Bando Anunciador) e criação (Caminhada do Folclore) de expressões populares, fazendo frente à massificação pela qual a indústria cultural tem sido responsável e sua sintomática apatia.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Conta um conto sem alterar um ponto

 Texto: Paulo Rabelo
 Fotos: Tomaz Coelho






O uso dos cocheiros (Lion Guimarães e Márcio Nunes) como porta vozes do narrador machadiano é uma grande sacada

“Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela”, propõe o narrador do conto A Cartomante, por um dos Cocheiros. Esta personagem (duplicada), que é secundária no conto e no palco faz as vezes do narrador machadiano, é uma grande sacada do Grupo Conto em Cena neste espetáculo. Os cocheiros (Lion Guimarães e Márcio Nunes), ‘conduzem’ Vilela (Fernando Pedro Maria), Camilo (Welber Oliveira) e Rita (Leyde Alencar) por ruas cariocas e pela deliciosa narrativa, pontuada por sentenças brilhantes carregadas de pessimismo acerca da natureza humana, comum ao Bruxo do Cosme Velho.

Tal qual
Sobre a fidelidade textual, o diretor afirma que alguns trechos do conto sofreram “remanejamentos”, necessários “para tornar a história mais acessível ao público, e mais fluida, de um modo geral. Durante a concepção e ensaios verificamos que funcionava melhor assim”. E lembra, logo a seguir, que “não há cacos. Todas as palavras estão no texto”.
Cenário, luz, figurino e trilha sonora que pontua algumas cenas, em tudo há ares de época. Percebe-se, pelos resultados, pesquisa, bagagem e um apurado senso “do que funciona”. Nenhum elemento ali parece gratuito, sem propósito. Tudo funciona para que a plateia tenha contato com o melhor de nossa literatura através das artes cênicas. Na “tradução” do conto para o drama, primou-se pela coerência e simplicidade.

Da plateia
“Sempre frequento teatro aqui em Feira, e também em Salvador, onde morei por quase 10 anos. Aqui, faço questão de ir ver as peças itinerantes do Projeto Palco Giratório (SESC) que vêm a Feira de Santana e as produções locais. Não me lembro de algo feito aqui que me deixou uma impressão comparável à de A Cartomante. A cada instante eu me surpreendia com o que estava vendo. Eles contaram uma história ambientada no final do século XIX, sem o mofo de teatro de costume, e com recursos criativos e modernos”, elogiou a designer Tatiane Alves.

Quando menos é mais

O produto final de um espetáculo não tem, necessariamente, relação direta e de dependência com grandes produções

Talento aliado à gana de fazer o melhor com o “tudo” (que na verdade, em termos de recursos necessários, é muito pouco) que se tem à disposição. O que poderia ser um obstáculo e limitações que serviriam para “justificar” eventuais falhas se transformou no grande trunfo do Projeto Conto em Cena nesta última temporada.
A economia de elementos cênicos não compromete a apresentação em momento algum. Pelo contrário. Tendo em mente tais fatos, vem à lembrança A Falecida, uma Tragédia Carioca de Nélson Rodrigues, na qual o dramaturgo, em suas rubricas, não coloca em cena nada além de duas cadeiras, um travesseiro e um jornal, embora na história haja de jogo de bilhar, passando por um velório, culminando num apoteótico Fla-Flu no Maracanã. Tiradas as devidas proporções, fica a certeza de que o produto final de um espetáculo não tem, necessariamente, relação direta e de dependência com grandes produções. Obstinação, trabalho árduo, pesquisa e pessoas em sintonias afins fazem a diferença, sempre.

“O diretor! O diretor!”
Formado pela Escola de Artes Dramáticas da Ufba, o ator Geovane Mascarenhas tem em seu currículo atuações em algumas peças em teatros soteropolitanos, assistiu a muitas peças do diretor de teatro baiano Fernando Guerreiro e de “Hacker, meu professor na Ufba, na época. Ele é um autor muito ligado a símbolos. Um autor do qual eu gosto muito é o paulista Gabriel Vilela. O grupo de teatro brasileiro que atualmente está fazendo um trabalho que me atrai bastante e está em consonância com o que eu penso sobre o que é fazer teatro é o Galpão, de Minas Gerais”.
O Grupo Conto em Cena
O grupo Conto em Cena, fruto de uma oficina de teatro do Cuca, capitaneada pelo ator e diretor Geovane Mascarenhas, há dois anos leva contos clássicos de nossa literatura ao palco do Cuca e a cidades vizinhas. Dando início a um trabalho de teatro voltado para o público estudantil, em 2010, o grupo começou a lotar a plateia do Teatro do Cuca com turmas de escolas públicas e particulares, com uma adaptação do conto O Justo – trabalho que eles resolveram apresentar como resultado da oficina de 2009. Com uma resposta positiva por parte do público a O Justo, veio a ideia de encenar outro conto de Nélson Rodrigues, A Noiva da Morte, ainda naquele ano. E assim foi feito.
A Cartomante, o conto da vez, está nos últimos dias da última temporada. Amor, de Clarice Lispector, será o conto de 2012. “A gente sempre está aberto a sugestões do nosso principal público, a escola. Este conto de Clarice surgiu quase que por unanimidade entre professores e estudantes, que interagem bastante conosco depois das apresentações”, disse Geovane.

Serviço

Além de assinar a direção, Geovane também é responsável pela concepção do cenário e luz, e operação de luz. A operação de som fica a cargo de Elidiane Souza. O figurino, que também tem ideias do diretor, é executado pelas minuciosas mãos de Vilma Bahia.