sábado, 5 de novembro de 2011

Maior acervo de negativos de Feira

Foto: Patrícia Martins
Elydio possui mais de dois milhões de negativos, acumulados em sete décadas de carreira, todos reveláveis
Quando o senhor Elydio Azevedo, nascido em Amélia Rodrigues, veio para Feira de Santana, na década de 1940, a cidade tinha apenas 10 automóveis, a avenida Senhor dos Passos, a Rua Direita e a Rua de Aurora (atual Filinto Bastos). “Havia a Getúlio Vargas, só que muito menor do que vemos hoje”, relembra.

Este fotógrafo que tem como lema “amar o que faz, para fazer bem”, sem sombra de dúvida, possui um dos mais ricos acervos de imagens da memória feirense da segunda metade do século passado para cá. Ele é dono de mais de dois milhões de negativos, todos separados cuidadosamente por pedaços de papel vegetal e guardados em pequenos envelopes de cartas acondicionados em dezenas de caixas de isopor, aos milhares e em caixas do mesmo material em diversos tamanhos. Em cada uma delas há um papel onde estão registrados assuntos, datas, pessoas e eventos a que dizem respeito os negativos. Todos catalogados pelo próprio autor. “Nunca me desfiz de um negativo sequer, nem das câmeras fotográficas que fui adquirindo ao longo da vida, e todas elas estão em condição de uso”, assegura.

O patrimônio de imagens que construiu em uma longa carreira chama a atenção pela importância histórica e pela qualidade do material. “Todos os meus negativos, desde os mais antigos, mantêm a mesma qualidade de revelação de quando foram feitos”.

Elydio diz que já foi procurado pela Universidade Estadual de Feira de Santana, que se mostrou interessada em salvaguardar seus negativos, importantes testemunhos da história feirense. “Até me ofereceram cinco pessoas para fazer a limpeza e a catalogação ao modo deles. Mas esse material é dos meus netos. É a herança que posso deixar para eles”, diz.

Com uma filha e um neto apaixonados por fotografia, seu Elydio acredita que a proposta da Universidade não é a única alternativa para a manutenção de sua obra. Seja qual for o destino dos negativos, ensejamos que aconteça de modo que eles possam ser acessados por pesquisadores e estudantes. Afinal, trata-se de uma objetiva que em quase sete décadas registrou e meticulosamente preservou milhões de instantâneos de uma cidade que se transforma tão velozmente.

Publicado na página 07 da edição 3.643 do Folha do Estado, domingo 06 de novembro de 2011

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