sábado, 29 de outubro de 2011

A Caminha do Folclore teve início na gestão da professora Yvone Cerqueira, à época na direção do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), através da proposta de Tânia Augusta, “a verdadeira idealizadora do evento” de acordo com Celismara Gomes, diretora do Cuca. Ela começou pesquisando as manifestações folclóricas da região, até chegar à ideia de trazer os grupos representantes de cada tipo de manifestação para um espaço em Feira de Santana, em forma de desfile, como acontece até hoje, em sua 12ª edição.
Celismara explica que inicialmente havia uma proposta de participação das escolas de Feira de Santana, porém, a comissão organizadora teve que repensar quais grupos poderiam, de fato, participar da Caminhada. “A gente resolveu priorizar os grupos de raiz, os que trazem os traços culturais da nossa região, como a Quixabeira da Matinha, os grupos de samba de roda, grupos de capoeira regional, capoeira de Angola, vaqueiros encourados, quadrilha junina, as burrinhas, maculelê e o pessoal da bata de feijão, entre outros”, explica.
Quanto à participação, tanto de integrantes de grupos e de expectadores, o aumento a cada ano é considerável, a ponto de a Caminhada ser colocada no roteiro dos eventos oficiais da cidade. “Com a ajuda da PM e do Exército, a 11ª Caminhada conseguimos estimar a marca de 15 a 20 mil pessoas assistindo e 5 mil participantes. Este ano a Caminhada contará com mais de 100 grupos, oriundos de diversas localidades, da cidade, dos distritos e outros municípios”, informa Celismara.
A diretora do Cuca aponta que o prazer pela participação é a principal característica das pessoas que compõem os grupos. “Eles vêm pela vontade de participar e mostrar seus trabalhos, pois não há qualquer tipo de remuneração. Apenas oferecemos transporte dos grupos dos distritos e passagens para os da cidade, um café da manhã no Amélio Amorim para cinco mil pessoas e água durante o percurso”, afirma.

FOLCLORE OU CULTURA POPULAR?
Há quem já estranhe o primeiro termo, por achá-lo ‘defasado’ ou dotado de uma carga simbólica que não dá mais conta das atuais demandas apresentadas por manifestações emanadas do povo em tempo de globalização.
“A cultura popular é um conceito muito abrangente, é visceral, de raiz – a que veio primeiro. É muito difícil conceituar o que é cultura popular, mas o termo folclore é algo que não se usa mais”, explica o produtor cultural Hygor Almeida. Segundo ele, quando se fala em folclore ou folclorização, acaba-se minimizando o conceito de cultura e transformando “uma expressão popular que é fantástica, que faz parte da identidade de um povo, numa coisa ‘excepcional’, num pacote turístico pronto para ser vendido”.
“A cultura popular não é folclore”, frisa o produtor, para depois explicar: “Digamos que o folclore faz parte da cultura popular, mas é um conceito restrito e reduzido”. Exemplo? “Quando se fala de Saci Pererê, Mula sem Cabeça e Caipora, isto é folclore. Quando a gente fala de expressões como samba de roda, quadrilhas juninas e reisados, trata-se de cultura popular. O folclore faz parte da cultura, mas ele é um conceito muito menor, muito reduzido”, diz.
Divergências nomenclaturais à parte, a Caminhada do Folclore deste ano deve contar com os mais diversos modos de expressão da cultura popular da região que se tornaram normas com o passar de muitos anos, sendo repassados de geração a geração através da oralidade e da prática.
Do início deste século para cá Feira de Santana, através da Uefs e outros órgãos parceiros, vem reagindo contra a apatia e a amnésia culturais, com retomada (Bando Anunciador) e criação (Caminhada do Folclore) de expressões populares, fazendo frente à massificação pela qual a indústria cultural tem sido responsável e sua sintomática apatia.

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